21 membros do PC dominavam a droga. Foram substituídos por colegas do mesmo Partido
A cidade de Boshe,
situada na província costeira de Guangzhou, tornou-se famosa pelos seus
suntuosos templos com monstros míticos rebuscados, deuses e artísticas
paisagens, telhados ornados com pequenas esculturas de dragões, e pavões
em cores vivas.
As imagens continuavam a
tradição pagã da China, que mistura arte e símbolos demoníacos. Os
templos “foram construídos pelas famílias para homenagear os
antepassados. É a única aldeia da região com tantos templos. O normal é
um ou dois”, explicou um jovem ao jornalista de “El Mundo”.
Mas, na era comunista,
Boshe adquiriu outra face. Os responsáveis pelo Partido Comunista Chinês
(PCC), até seu chefe local, Cai Dongjia, transformaram a poética aldeia
numa central de produção de drogas sintéticas.
A Nomenklatura maoísta
construiu aparatosos palacetes de “novo rico”. As formas mais
monstruosas do crime ligado à droga destruíram as relações sociais que o
comunismo não tinha acabado de arrasar.
Enquanto a reduzida
cúpula do partido comunista local ficou riquíssima, a massa do povo
afundou numa miséria sempre maior, na sujeira, intoxicação e
criminalidade.
O cartel socialista da
droga impedia até que os taxistas das cidades mais próximos entrassem no
novo inferno de Boshe, capital da metanfetamina da China.
Ninguém ousa falar, dizer
seu nome ou se referir ao que acontece na cidade. Em 2013, Pequim
enviou 3.000 policiais com helicópteros e lanchas rápidas, para
desmantelar o enclave de produção de droga sintética.
Em casas luxuosas moram os chefões comunistas da maior rede chinesa de drogas químicas
Foram destruídos 77
laboratórios clandestinos, confiscadas três toneladas de metanfetamina e
400 outras substâncias usadas para o seu preparo, além de 260 quilos de
ketamina. 182 pessoas foram pressas e o “chefão” do PC acabou condenado
à morte.
Vinte por cento
dos 14.000 habitantes de Boshe, inclusive crianças, trabalhavam
desmontando cápsulas farmacêuticas para usar seu conteúdo na elaboração
das substâncias ilegais, recebendo salários de até 1.600 dólares, uma
fortuna na China.
Na perquisição, a polícia encontrou sacos de dinheiro e barras de ouro nas casas dos narcotraficantes ligados ao Partido.
Um morador de nome Cai Hanlin contou que não se podia plantar nada, pois até a terra tinha ficado envenenada.
Boshe também era
inconfundível pelo cheiro químico que envolvia a cidade e a cor
repugnante dos esgotos abertos, aonde iam parar toneladas de dejetos
químicos gerados pelo fabrico de substâncias da família da anfetamina.
O gado morria e continuou morrendo até pelo menos 2015, devido à contaminação da água e da terra, contou Hanlin.
O novo chefe do PCC, Cai Longqiu, herdou o velho esquema, mas hoje deve dissimulá-lo detrás de uma máscara de combate às drogas.
Os estrangeiros não podem
visitar a cidade e os jornalistas de “El Mundo” que entraram sem
licença foram ameaçados pelas autoridades que “lutam contra a droga”.
A central está perto de Hong Kong para escoar a droga para o exterior.
Liu Yuejin, um dos
delegados mais populares no país na luta contra esse flagelo, admitiu
que há na China vermelha mais de 14 milhões de viciados em anfetaminas,
que o sinistro negócio gera 8,2 bilhões de dólares e que são produzidas
400 toneladas de estupefacientes químicos.
Segundo o vice-diretor da
Comissão Nacional de Controle de Narcóticos, o consumo das drogas de
laboratório cresce 36% por ano e já superou o de heroína.
Boshe e aldeais vizinhas
continuam sendo um dos epicentros produtivos. Ela está próxima de
Hong-Kong, porta de escoamento da exportação.
Também está perto do eixo
central da indústria farmacêutica e química, de onde os
narcotraficantes recebem as matérias-primas básicas com a ajuda dos
sócios do Partido Comunista.
“Tem que existir
corrupção na indústria oficial para que isso seja possível”, denunciou
Jeremy Douglas, um dos responsáveis da ONU para o tráfico ilegal de
drogas.
Em termos de drogas químicas, os EUA consideram a China o equivalente ao que foi a Colômbia para a cocaína.
No século XIX, a China foi enfraquecida pelo consumo do ópio, estimulado por potências coloniais que queriam submeter o país.
Agora o Partido Comunista voltou a explorar a droga para submeter a população.
O “senhor Wang Bo”,
vencedor de um premio nacional de Química em uma das universidades mais
prestigiosas de Pequim, montou em 2014, em Huanggang, uma empresa
dedicada à tecnologia biológica.
Intervenção policial e militar não mudou a produção acobertada pelo Partido Comunista.
Na prática, fabricava um derivado da anfetamina, comercializada pela internet e pelos correios na Europa e nos EUA.
O caso de Wang se repete
metodicamente. Zhang Lei é um dos exportadores mais procurados pelos
EUA. Foi preso, mas a empresa prossegue suas atividades a partir de
Xangai.
Segundo o jornal francês “Le Figaro”, a produção recomeçou e as autoridades não parecem querer parar o fenômeno.
O regime socialista
precisa de droga e do narcotráfico em grande escala para arruinar a
juventude, que está se revelando cada vez mais infensa à pregação
socialista.
E necessita promover esse
vício no Ocidente, para desfazer as fibras morais dos povos que ele
sonha escravizar um dia sob o comunismo universal, de acordo com a
utopia de Marx e Mao Tsé-Tung.
Boshe é apenas um elo dessa satânica máquina para destruir a humanidade.
( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
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