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O que a saúde dos animais de estimação revelam sobre nós

Nivia de Souza , Editora

Olá, leitor, como você está?

Há alguns dias, a nossa consultora Ana Paula escreveu sobre como os nossos animais de estimação podem ser o melhor personal trainer do mundo ( viu?).

Eu li o texto e imediatamente coloquei o meu cachorrinho Johnny para malhar! Rs

O fato é que fiquei pensando: os animais de estimação são muito mais do que os “melhores amigos” dos brasileiros, não é mesmo?

Segundo uma pesquisa do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 44,3% dos lares do país têm cachorros e, 17,7%, gatos. Isso significa que a população de cães é maior do que a de crianças entre 0 e 14 anos.

A questão é que os cuidados com os animais vão muito, muito além do que apenas alimentá-los. É preciso estar de olho na saúde e no bem-estar do seu melhor amigo, independentemente de qual for ele.

E a forma com que você lida com a sua saúde – desde os exames periódicos até o cuidado com a alimentação – reflete na saúde do seu peludo.

Pois é... Os bichinhos servem de espelho do que a gente faz com a gente mesmo.

Segundo o médico veterinário comportamentalista Marcelo Henzel, os benefícios desta convivência para o ser humano já foi evidenciado diversas vezes.

Então, nada mais justo do que retribuir este amor e carinho com os cuidados corretos.

Confira a conversa que eu tive com Henzel sobre a saúde dos bichos e o quanto ela está intrínseca à nossa.

E depois, dê uma olhada nas redes sociais da Ana Paula. Tem uma dica melhor do que a outra para nós e para os nossos queridos melhores amigos.

Conheça, curta e compartilhe.

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Jolivi: Sabemos que nós, humanos, estamos diabéticos, sedentários e obesos. Tudo isso nos deixa mais propensos a outros problemas de saúde. E os nossos pets? Estão nessa situação?

Marcelo Henzel: Os pets, por viverem cada vez mais próximos de nós, seres humanos, acabam, muitas vezes, tornando-se “reflexos” de seus tutores e tutoras.

Atualmente, nos deparamos com muitos casos de cães e gatos que não estão inseridos em uma rotina de atividades mentais e físicas satisfatórias, o que resulta em animais muitas vezes obesos e/ou com outros problemas de saúde, como compulsões e quadros resultantes de ansiedade extrema, por exemplo.

Jolivi: A forma com que um tutor trata o seu animal pode ser um reflexo do seu autocuidado?

Marcelo Henzel: Sem dúvidas. Como comentei anteriormente, muitas vezes os animais domésticos acabam sendo reflexos de seus tutores e tutoras, da dinâmica familiar na qual estão inseridos e/ou do ambiente no qual vivem. Minha vivência na área da medicina veterinária comportamental mostra, constantemente, que tutores e tutoras que apresentam pouca preocupação com a própria saúde tendem, de modo geral, a ter menos cuidado com a saúde de seus animais de estimação do que aqueles e aquelas que procuram práticas de vida saudáveis.

Por falar nisso...

Sugiro mesmo que você assista a esta entrevista com a psicóloga Adriana Manzano que trouxe um novo olhar sobre a obesidade.

Jolivi: O que a obesidade pode acarretar na vida e na saúde dos cães e gatos?

Marcelo Henzel: A obesidade de cães e gatos é, por si só, uma doença, assim como para qualquer outra espécie de mamíferos, e suas consequências são graves e muito parecidas com as que ocorrem em humanos. Cães e gatos obesos ficam doentes com maior frequência que aqueles que encontram-se dentro da faixa de peso correta, pois a obesidade pode facilmente levar o animal a apresentar problemas articulares, cardíacos, dificuldade respiratória, infecções (principalmente de pele), indisposição, diabetes, problemas sérios na maioria dos órgãos e, por fim, pode diminuir consideravelmente o tempo de vida desse animal.

Jolivi: Por esse lado, é possível que os humanos ajudem na saúde dos pets e vice--versa? De qual forma?

Marcelo Henzel: Na minha opinião, não é só possível como se faz necessária a atuação do ser humano para um melhoramento da saúde dos pets. Cães e gatos que residem junto de seres humanos, habitando o mesmo ambiente e estando sob sua guarda, precisam de cuidados diários vindos de seus tutores e tutoras. Animais domésticos como os que moram e viajam conosco e, muitas vezes, dormem em nossas camas, são seres sencientes portadores de grande inteligência que precisam de uma rotina satisfatória de exercícios físicos e mentais, água e comida de boa qualidade (seja ração ou alimentação natural), boas condições de vida e merecem, citando um conceito relativamente novo de bem-estar animal, uma vida que valha a pena ser vivida. Cães, mesmo aqueles que vivem nas ruas, necessitam do ser humano, ou daquilo que ele produz, para sobreviver, alimentando-se, por exemplo, de restos de comida encontrados nos lixos. Gatos que vivem nas ruas, por sua vez, muitas vezes conseguem viver suas vidas sem a interferência do ser humano, porém, quando vivem em casas ou apartamentos sem acesso à rua, dependem inteiramente, ou quase inteiramente, dos cuidados dados pelos humanos. Os benefícios, para o ser humano, da convivência com cães e gatos já foi evidenciado diversas vezes, então nada mais justo que a retribuição, por nossa parte, na forma de cuidados corretos com esses peludos e essas peludas que nos fazem tão bem.

Jolivi: Existem estudos e relatos que mostram a presença e a convivência com um pet pode ser transformadora para uma pessoa com depressão, por exemplo. O número de terapias com animais tem crescido substancialmente. Como um animal pode ajudar um ser humano neste quesito emocional? O que falta para que esse momento terapêutico seja ainda mais difundido nos hospitais do país?

Marcelo Henzel: Os animais mostram, cada vez mais, que trazem inúmeros benefícios para nós. O simples contato com cães e gatos vem mostrando-se benéfico para a evolução de pacientes humanos, tanto os que apresentam questões físicas como os que apresentam questões puramente emocionais. Ter um animal por perto, conectar-se com ele, sentir-se responsável por ele, nem que seja por um momento, tocá-lo, acariciá-lo, brincar junto, tudo isso tem mostrado resultados incríveis na recuperação de pacientes que apresentam as mais diferentes enfermidades.

Quando falamos de animais auxiliando no tratamento de pessoas, temos duas possibilidades. São elas: Atividade Assitida por Animais (AAA) e Terapia Assistida por Animais (TAA). Além disso, temos também a Educação Assistida por Animais (EAA).

Todas essas atividades estão em franco crescimento no país, porém, devido às suas normas rígidas que devem ser cumpridas para que seja realizado um trabalho sério e benéfico para todos, podem ser difíceis de serem realizadas em alguns locais, o que pode tornar seu crescimento um pouco lento como um todo. Algo que sempre devemos ter em mente é que, apesar de todas essas serem atividades maravilhosas, não podemos só pensar no bem-estar dos humanos. Precisamos estar constantemente atentos aos animais que trabalham com esses pacientes, pois não podemos forçá-los além do que eles podem nos dar. A saúde deles também deve ser sempre monitorada, pois um cão exausto e fatigado, por exemplo, pode tornar-se um risco para os pacientes com os quais está tendo contato.

Jolivi: É possível também que um animal, por conta do amor e da convivência com o humano, também supere barreiras emocionais?

Marcelo Henzel: Sem dúvida o amor e a convivência com o ser humano podem ser cruciais para um animal superar barreiras emocionais em sua vida. Podemos ver novos vídeos surgindo todo dia na internet, que mostram animais em que viviam em situações desesperadoras e que, aos poucos, foram se recuperando, após terem sido resgatados e cuidados por alguém, até que tornaram-se animais completamente diferentes do que eram, estrelando fotos onde aparecem fortes, com o pelo saudável e aparentando felicidade e saúde plena. O amor, o cuidado, a convivência e o carinho transformam radicalmente a vida de muitos animais, mostrando que todos temos direito a uma vida plena, saudável e que, acima de tudo, como dito anteriormente, valha a pena ser vivida.

Espero que tenha gostado e aproveite o sábado para cuidar da saúde do seu pet e deixar o seu bichinho cuidar mais do seu bem-estar.

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