|
||||
Gregorio Vivanco Lopes
|
||||
Sempre
admirei os pensamentos formulados com inteligência e brilho. Entre
eles, por exemplo, certos ditos franceses, cheios de espírito,
coruscantes como pedras preciosas, que ao mesmo tempo desvendam
realidades evidentes mas difíceis de formular. Cito este do escritor
Edmond Rostand: “O sol, sem o qual as coisas não seriam senão o que elas são!”. Ou este, de autor desconhecido: “Se deres as costas à luz, nada mais verás que a tua própria sombra”.
Entretanto, cabe a pergunta: a inteligência é um valor humano supremo, ou é mais elevada a educação?
Estando
eu presente certa vez numa roda de conversa em torno do Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira, fui surpreendido pela afirmação dele, de que a
educação vale mais do que a inteligência. Vindo de tão insigne mestre,
aceitei de pronto esse pensamento e o incorporei ao meu patrimônio
intelectual. Mas foi só depois, com o tempo e com a experiência trazida
pelos estudos e pela vida, que pude medir a realidade densa e deleitável
que se encerra nessa luminosa afirmação.
Plinio
Corrêa de Oliveira entendia a educação, é claro, não apenas no sentido
corriqueiro do modo como a pessoa cumprimenta os conhecidos quando os
encontra, e não lhes diz palavras que os deixem mal à vontade. Esse é o
rés-do-chão da educação. Ele empregava o termo educação no seu sentido
mais amplo e mais elevado, que implica um processo de formação das
mentalidades, dos hábitos, de comunicação de uma cultura.
A
educação está ligada à existência de todo um contexto social que forma
as pessoas de acordo com certos princípios, certos valores espirituais e
morais, certos costumes, certas regras que não apenas se aprendem mas
se assimilam. Os mais jovens as recebem como que por osmose dos mais
antigos, pelo convívio, nas conversas, pelos mil imponderáveis enfim da
vida em sociedade. Educação e tradição, nesse contexto, são termos
correlatos e complementares.
Uma
criança muito inteligente, vivendo num ambiente culturalmente pobre
como seria uma tribo primitiva, tem muito menos possibilidade de
desenvolver suas especificidades e de influenciar os outros, do que uma
outra de inteligência comum que vivesse num ambiente estuante de
personalidade e de cultura, como foi a corte de Luís XIV, por exemplo.
Inteligência
pode manifestar-se de improviso em qualquer um. A educação, pelo
contrário, é fruto de um processo laborioso que por vezes demanda várias
gerações. Por isso o igualitarismo revolucionário odeia mais as
desigualdades resultantes da educação do que as da inteligência.
Tais
considerações confluem naturalmente para analisar os males de uma
anti-educação. Ou seja, um conjunto de medidas que não visam esculpir o
espírito humano como se esculpe o mármore, para nele formar uma bela
figura, mas sim deformar a alma humana de modo a desfigurá-la e torná-la
monstruosa, nos conhecidos moldes da liberdade sem freios, do
socialo-marxismo, da ideologia de gênero e outros que tais.
E
é para este último tipo de anti-educação que parecem convergir hoje os
currículos de nossas escolas no Brasil, sob a égide de governos sem
moral nem dignidade.
Quantas
inteligências infantis, que podem ser notáveis e até superiores, são
hoje desviadas e desperdiçadas por falta de uma educação nobre e
elevada!
(*) Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM
|
||||
|
||||
|
Powered by Comunique-se
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário