Perigosa omissão
Gilberto Jasper
É
apenas janeiro, mas o prezado leitor já deve estar indignado. Economia,
ética, política. É difícil encontrar alento em algum segmento da vida
atual. O fantasma da inflação, resultado da crise mundial turbinada
pelas inconsequências da equipe econômica de Brasília, renasceu. As
novas gerações, que só conheciam o termo "inflação" de ouvir falar, hoje
sabem o seu significado.
A
conjunção de fatores negativos atinge o ápice no ano em que
escolheremos nossos representantes mais importantes - prefeitos e
vereadores. Imagino o esforço dos dirigentes partidários na busca de
gente disposta a enfrentar a indignação dos eleitores com a classe
política.
A
este obstáculo some-se as restrições na captação de recursos para
custear as campanhas eleitorais. Afinal, quem assumiria o risco de ouvir
sua empresa citada em alguma interceptação telefônica da Polícia
Federal? Tesoureiros partidários perderam o sono na busca de
alternativas para enfrentar as despesas.
Criticamos
nomes que há décadas se locupletam de siglas, num espécie de emprego
vitalício bancado por recursos públicos e chancelado pelo voto popular. A
vida partidária parece o condomínio onde moramos: proliferam críticas
onde as sugestões são raras e onde a participação efetiva é nula.
O
eleitor sequer fiscaliza os representantes que ajudou a eleger. A
maioria nem lembra em quem votou. "Não gosto de política" é o bálsamo
para a consciência. O descaso, porém, dá espaço para que inescrupulosos
ocupem cargos eletivos. A falta de tempo para fiscalizar também é
desculpa esfarrapada. Sites de vereadores, prefeitos, deputados e
senadores - e das respectivas casas legislativas - divulgam opiniões,
votos e manifestações sobre todos os assuntos.
A
legislação eleitoral, agora, será fiscalizada com rigor. Os partidos,
que se multiplicam em siglas que só irritam no programa eleitoral
gratuito da tevê, dificilmente preencherão as listas de candidatos.
Afinal, é cada mais difícil convencer o cidadão a participar da vida
política. Esta omissão, no entanto, é terreno fértil para novos
escândalos, desvios e barbaridades estampados pela mídia.
Consultor de Comunicação
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