sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Perigosa omissão



Perigosa omissão
                                                                                      Gilberto Jasper
         
          É apenas janeiro, mas o prezado leitor já deve estar indignado. Economia, ética, política. É difícil encontrar alento em algum segmento da vida atual. O fantasma da inflação, resultado da crise mundial turbinada pelas inconsequências da equipe econômica de Brasília, renasceu. As novas gerações, que só conheciam o termo "inflação" de ouvir falar, hoje sabem o seu significado.
          A conjunção de fatores negativos atinge o ápice no ano em que escolheremos nossos representantes mais importantes - prefeitos e vereadores. Imagino o esforço dos dirigentes partidários na busca de gente disposta a enfrentar a indignação dos eleitores com a classe política.
          A este obstáculo some-se as restrições na captação de recursos para custear as campanhas eleitorais. Afinal, quem assumiria o risco de ouvir sua empresa citada em alguma interceptação telefônica da Polícia Federal? Tesoureiros partidários perderam o sono na busca de alternativas para enfrentar as despesas.
          Criticamos nomes que há décadas se locupletam de siglas, num espécie de emprego vitalício bancado por recursos públicos e chancelado pelo voto popular. A vida partidária parece o condomínio onde moramos: proliferam críticas onde as sugestões são raras e onde a participação efetiva é nula.
          O eleitor sequer fiscaliza os representantes que ajudou a eleger. A maioria nem lembra em quem votou. "Não gosto de política" é o bálsamo para a consciência. O descaso, porém, dá espaço para que inescrupulosos ocupem cargos eletivos. A falta de tempo para fiscalizar também é desculpa esfarrapada. Sites de vereadores, prefeitos, deputados e senadores - e das respectivas casas legislativas - divulgam opiniões, votos e manifestações sobre todos os assuntos.
          A legislação eleitoral, agora, será fiscalizada com rigor. Os partidos, que se multiplicam em siglas que só irritam no programa eleitoral gratuito da tevê, dificilmente preencherão as listas de candidatos. Afinal, é cada mais difícil convencer o cidadão a participar da vida política. Esta omissão, no entanto, é terreno fértil para novos escândalos, desvios e barbaridades estampados pela mídia.

Consultor de Comunicação
 
   

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