3ª
PARTE - A “MACONHA” e a CONDUÇÃO de VEÍCULOS...
4) Quais são os TIPOS de maconha?
Hoje, há um grande debate sobre quantas
espécies do gênero “cannabis” existem...
...alguns dizem que há 14 (quatorze) espécies.
Obs1: no hebraico antigo,
a palavra “cannabis” significava “portador de fumo”.
Já no neoassírio e no neobabilônico
o termo usado para se referir à planta, significava:
- “uma maneira de produzir fumaça”.
Obs2: no
latim, “cannabis” significa “cânhamo” (que é uma planta especialmente útil pelo
óleo e pelas fibras de aplicação têxtil que fornece).
Obs3: também no grego a palavra “cannabis”
deriva de “kannabis” que significa “proveitosa”,
devido à utilização da planta em sua totalidade - da sua raiz ao topo.
Mas como toda a boa providência é investigar,
das espécies, sabe-se que somente 3 (três) são relevantes:
- Cannabis
sativa (“sativa” em latim, significa plantada
ou semeada)
É a espécie
de estatura alta, com formato de árvore de natal ou bambu, originária
da zona do Mar Negro e
do Mar Cáspio, conhecida no
Brasil como “maconha”.
Atualmente também crescem
adequadamente nas regiões equatoriais (Tailândia, Colômbia, Jamaica, México,
etc.)
Apresenta folhas compridas e
finas como dedos, em um tom verde claro, com odor adocicado muitas vezes
cítrico e perfumado, que permanece durante o “auge” do seu ciclo reprodutivo.
A “resina” (que é a secreção
expelida) da “cannabis sativa” possui altos níveis de THC (é a sigla do “delta
9 tetrahidrocanabinol” - princípio ativo que será visto posteriormente).
Ah!
...suas sementes servem de
alimento para pássaros.
- Cannabis
indica (a terminologia “indica” origina-se do local onde a espécie foi
descoberta; na Índia)
Espécie de estatura média –
o que favorece seu cultivo dentro de casa (indoor) -, nativa do território do
sul da Ásia e do subcontinente indianos (Afeganistão, Paquistão, Índia, Tibete,
Nepal).
É também chamada no Brasil
de “maconha”.
Apresenta folhas escuras,
pequenas e largas quando comparadas com a espécie “cannabis sativa”, produzindo flores mais
densas, grossas e com um odor forte.
São adequadas ao cultivo em climas temperados,
atingem a maturidade em menos tempo e tem um rendimento maior que a “cannabis sativa”.
A “resina” da “cannabis
indica” é rica em “alcaloides” como o CBD, conhecido como canabidiol.
(que é outro dos princípios
ativos a ser explicado posteriormente).
Obs1: “alcaloides” são compostos orgânicos, que possuem um
ou mais átomos de nitrogênio em sua composição, são de origem vegetal e utilizados
principalmente na produção de medicamentos naturais.
Obs2: alguns pesquisadores argumentam que a “cannabis
indica” é uma espécie válida (não é uma variedade)...
...outros dizem que ela é uma subespécie e deve ser
tratada como uma variedade e não como espécie.
(cabe-nos tratar o “debate” tal qual o ferimento
que é indefinidamente irritado)
- Cannabis
ruderalis (“ruderalis” vem da palavra
alemã “ruderal”, que é um termo usado para ervas daninhas que crescem ao lado
da estrada. Por isso, adquiriu o nome de “erva ruim” pelos produtores).
É uma espécie de estatura
baixa, e também é uma subespécie da “cannabis sativa”.
São plantas de rápido
amadurecimento e vida curta.
Mesmo que o crescimento seja
rápido, o crescimento das flores é insignificante o que dificulta a sua
utilização no aspecto de usá-la “medicinalmente” ou para “uso recreacional”,
pois seu nível de THC e de outras substâncias aproveitáveis é muito baixo.
Obs1: “uso recreacional” é definido como o consumo esporádico,
embora regular, de drogas com a finalidade de diversão e entretenimento.
Muitos cultivadores tentam
cruzar a “cannabis ruderalis” com “cannabis sativa” ou com a “cannabis indica”...
...sempre na tentativa de
unir o rápido amadurecimento da “cannabis ruderalis” com os altos níveis de THC
das principais espécies.
(e o resultado é sempre
favorável)
Seu caule, com a ação do vento, do frio e da
umidade, liberta filamentos fibrosos (uma das mais longas e fortes fibras lisas
da natureza, envoltas de muita celulose) que se soltam da madeira...
...tais filamentos quando reunidos e
devidamente tratados são utilizados na indústria têxtil, na fabricação de
cordas, roupas, papel, plástico, filmes etc.
Um fator a se observar é que a produção de “fibras”
por parte da planta é inversamente proporcional a sua produção de
“resina” e/ou “THC”.
(quanto mais fibras origina menos princípio
ativo a espécie apresenta)
Obs2: a “cannabis
ruderalis” é conhecida também pelo nome de “cânhamo industrial”, que é o termo
referência à espécie de “cannabis” desprovida de substâncias psicoativos
(os canabinóides) ou com baixos teores deste.
Também “cânhamo” é o nome da fibra que se obtém do caule destas, que
tem diversas outras utilidades.
A obtenção do “cânhamo industrial” se dá à
luz de seu plantio. Devido à sua natureza áspera, sendo plantado com pouco
espaço, este gera uma ótima safra para cultivo orgânico.
Seu óleo apresenta uma infinidade de
aplicações comerciais, como lubrificação automotiva, resinas e combustíveis (é
um tipo de biocombustível) oferecendo vantagens tanto para o plantador como
para o fabricante, e sem despertar o interesse pelo tráfico.
O plantio de “cânhamo” dispensa o uso de
pesticidas, e cultivá-lo previne a invasão de ervas daninhas sem necessitar do
uso de herbicidas.
(Bom para o solo, bom para o meio ambiente)
Dispensa também o uso de fertilizantes
químicos, sendo fertilizado com uma combinação de adubação e rotação com safras
fixadoras de oxigênio.
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Cabe salientar que a taxonomia
(que é a técnica de classificar as plantas na botânica) inicialmente classifica
incorretamente a espécie “sativa” e “indica” como sendo uma só...
...desta forma aparece para
ambas (a “sativa” e a “indica”) uma classificação única que é a “Cannabis
sativa L”.
(“L” significa Linnaeus, do
nome do botânico sueco Carolus Linnaeus ou Carlos Lineu, que foi a primeira
autoridade que batizou a planta).
Esta classificação ocorreu antes que o mundo soubesse
das três espécies distintas do gênero cannabis.
Depois se descobriu outra
espécie de “cannabis”, que é a “Cannabis indica Lam”.
(o “Lam” é em
homenagem ao naturalista francês Jean-Baptiste Lamarck).
E em seguida
evidenciou-se a existência da “Cannabis ruderalis Janisch”.
(Descoberto pelo
botânico russo DE Janichevsky).
Hoje sabemos que “Cannabis”
é o gênero da planta e que,
“sativa”, “indica”
e “ruderalis” são as três espécies do gênero.
Obs1: 95% das “cepas” da “cannabis”, atualmente são híbridos (são misturas),
e apenas uma porcentagem diminuta da espécie, “sativa”,
“indica” ou “ruderalis”, na sua forma pura são encontradas nestas cepas.
Obs2: “cepas” é um
grupo de descendentes com um ancestral comum que compartilham semelhanças
morfológicas ou fisiológicas.
Devemos desta maneira “jamais” descrever os efeitos
da “cannabis” baseados exclusivamente em suas espécies - “indica”, “sativa” ou “ruderalis”.
(o essencial é saber a composição química das mesmas)
As “espécies” em si, são termos reservados aos
produtores e cientistas que desejam controlar padrões de crescimento, origem,
épocas de floração, linhagem genética,
e outras variáveis...
Obs3: cabe salientar que outra variante, a “cannabis americana”, foi
produzida por um curto período de tempo nos EUA, nos laboratórios, com a
finalidade de extração de THC (princípio ativo), que era altamente concentrado
nesta variedade.
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REVISANDO: A planta “cannabis” pode ser usada
de três formas diferentes:
A 1ª maneira é a sua utilização como fibra
e outras necessidades industriais...
A 2ª maneira refere-se às qualidades medicinais
de alguns de seus mais de 480 compostos químicos...
E a 3ª possibilidade, é a utilização como substância
psicoativa.
Obs:”substância
psicoativa” é uma substância química que age principalmente no sistema
nervoso central, onde altera a função cerebral e temporariamente muda a
percepção, o humor, o comportamento e a consciência.
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A
“cannabis” originalmente apresenta um dimorfismo sexual...
Obs:”dimorfismo sexual” é quando em indivíduos de
sexos diferentes, da mesma espécie, existem diferenças físicas marcantes.
A
“cannabis” é uma planta dióica – têm dois gêneros -, mas pode possuir até três
gêneros:
- o masculino, o feminino e
a hermafrodita (que
é o masculino e feminino em uma única planta).
As plantas da “cannabis” possuem sexualidade
altamente desenvolvida, possuindo flores masculinas e femininas, completamente
separadas.
Flores
masculinas produzem pólen e ocorrem em plantas separadas das que produzem
flores femininas, que por sua vez produzem as sementes.
O sexo da planta é muito
importante, pois é o que irá mostrar qual a funcionalidade que a planta terá.
O sexo só é identificado durante a “floração”, que é período que compreende desde a abertura
do botão floral – antese - até o fenecimento/morte da flor; florada.
A planta do sexo masculino
A planta do sexo masculino
A “cannabis” do gênero masculino,
durante a sua “floração” irá
produzir flores “macho” obviamente.
A planta
do sexo masculino é interessante, tanto da perspectiva econômica, ambiental e
agrícola...
Este
gênero de planta é mais alta e relativamente descolorida.
Plantas masculinas são inadequadas
para o uso como alucinógenos, não se prestando à confecção de
cigarros, por exemplo, devido ao baixo teor inebriante, que é a sensação
parecida com embriaguez.
Quando flores masculinas abrem,
elas soltam uma grande quantidade
de pólen,
que ao entrar em contato com as
flores femininas,
fecundam-nas resultando em uma
grande produção de sementes na planta feminina.
Essas sementes resultantes,
contêm os genes da planta
masculina e da planta feminina,
mesmo que elas sejam de espécies
diferentes.
É assim que muitos que vendem sementes,
executam esta metodologia para criar novos tipos
chamadas de “cannabis hibridas”...
(são infinitas as possibilidades de cruzamento entre as plantas)
A planta do sexo feminino
A “cannabis” do gênero feminino é
de menor tamanho.
Durante a sua “floração” irá produzir flores
fêmeas, que é o ponto chave para o interesse no cultivo da “cannabis”, pois é
nas flores da planta fêmea onde fica a maior concentração dos princípios ativos
da planta.
(é o gênero que mais interessa aos
fumantes)
Obs1: nas folhas
encontradas no topo do caule, também são produzidas abundantes quantidades de
resina, dotada de alto teor de THC.
A planta fêmea produz substâncias na forma de um “óleo viscoso”/”resina”, que reveste toda a planta (inclusive as flores), com o objetivo:
a) da manutenção de água presente
nas células da planta, evitando a evaporação em caso de seca, para assim manter
as partes reprodutivas da planta umidificadas;
b) e de proteção aos raios ultravioletas emitidos pelo sol, ou qualquer
outro tipo de iluminação (Ex: lâmpadas).
Devido à produção desta “resina”, a planta “feminina” também é conhecida
pelo nome de “cannabis resinosa”.
Em climas úmidos a produção da “resina”
torna-se desnecessária ocasionando uma menor produção de “substâncias
psicoativas” pela planta.
Em climas secos, como na Índia e ao norte da
África, a produção de resina é bastante generosa.
É da resina que se obtém o THC, um dos
princípios ativos, componente da estrutura de defesa da planta...
...entende-se como defesa,
tanto sua proteção à desidratação como sua
ação como herbicida.
(insetos herbívoros ficam inibidos de atacar
uma safra)
Obs2: para
conseguir maior concentração de THC, submete-se a planta fêmea a um estado de
estresse hídrico (falta de água), o que ocorre naturalmente nas regiões
da Ásia.
Obs3: produtores de “cannabis”
evitam que plantas masculinas fecundem suas plantas femininas. Ou seja, mantem
as plantas machos de “cannabis” em jardins isolados (tipo harém)...
...aumentando
assim a produção de resina (que contêm maior quantidade de princípios ativos)
nas plantas femininas.
A planta hermafrodita
A
“cannabis” do gênero hermafrodita, durante a sua floração,
irá
produzir tanto as flores fêmeas como as flores masculinas...
...o
que acaba em uma “autofecundação”, fazendo com que a planta produza
praticamente só sementes,
e
muito pouco flores fêmeas.
(o
que a torna inútil para ser utilizada tanto recreacionalmente, quanto
medicinalmente)
O
hermafroditismo é causado muitas vezes por “estresse” da planta,
e
isto ocorre quando o tempo de luz ao qual a planta é exposta, varia de dia
para dia.
(o
que comumente é originado quando esta espécie é produzida artificialmente)
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Saibam
que muitas vezes,
é
preciso colocar em “xeque mate” os próprios conceitos para de fato
mudar
a realidade.
Faz-se
necessário uma autoanálise constante do nosso conhecimento sobre determinado
tema,
encantando
alguns e despertando a desconfiança de outros.
As
implicações práticas dessas mudanças de perspectiva são muitas e
de
grande importância para a sociedade.
Bem
sei que o impacto desses esforços em elucidar
continua
modesto em nível geral e que
para
compor um retrato mais fiel deste tema,
a
estatística e a informação oficial é insuficiente...
...estamos
órfãos de informações confiáveis
e
essa visão tem de ser desconstruída.
A
importância do conhecimento do cidadão
na
elucidação da questão que envolve a “maconha” é inegável,
e
devemos sim,
entrar
mesmo que com dificuldades
nas
mais densas áreas de sombra da manipulação de interesses “não sociais”,
pois
só assim, com certeza
é
que teremos acesso aos diversos “guetos verídicos” da informação.
Meu
desejo é que este,
funcione
com a rapidez de um incêndio atiçado pelo vento...
...transformando-se
em texto de denúncia.
Denúncia
daqueles que não participam, nem de perto nem de longe,
das
grandes convulsões que sacodem a sociedade.
Aguarde a 4ª PARTE...
Abraços... Se gostar tecle em
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ACésarVeiga
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