terça-feira, 3 de maio de 2016

SÃO GABRIEL: BERÇO E MORADA DE MILITARES ILUSTRES.

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SÃO GABRIEL: BERÇO E MORADA DE MILITARES ILUSTRES.

NILO DIAS – COLUNISTA (2ª parte)
BARÃO DE CANDIOTA
BARÃO DE CANDIOTA
Quando da guerra na Espanha contra o fascismo, ele lá estava presente. Lutou na Brigada Internacional que participou da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), falecendo na França em 4 de junho de 1941. Sua biografia consta do livro “Comunistas Gaúchos – A Vida de 31 Militantes da Classe Operária”, de autoria de João Batista Marçal.
João Borges Fortes nasceu em São Gabriel no dia 2 de maio de 1870 e faleceu no Rio de Janeiro em 13 de setembro de 1942. Foi um militar, historiador e escritor brasileiro. Ingressou na Escola Militar de Porto Alegre, onde se formou engenheiro militar em 1899.
Participou da Revolução Federalista, ao lado de seu irmão, Jônatas Borges Fortes e ainda da Revolução de 1923. Casou com Maria Manuela Ferraz. É patrono de uma das cadeiras da Academia Rio-Grandense de Letras. Assinava suas obras como General Borges Fortes, posto em que foi reformado, em 1924.
O coronel do Exercito Jorge Borges de Abreu, veterano da Revolução Farroupilha e Guerra do Paraguai, natural de São Gabriel e sobrinho de Domingos José de Almeida, era conhecido como “Borges Mentira”, famoso por sua criatividade de inventar lorota. Pertencia a alta sociedade gabrielense.
Na “Revista do Globo”, edição de 20 de setembro de 1935, a respeito do centenário da “Revolução Farroupilha” há uma vasta biografia dele, onde é exaltada a bravura e a valentia desse soldado e sua contribuição para o exército Farrapo. Morreu com 115 anos. Até há pouco existia sua casa na entrada da Vila Maria.
O leitor de “O Fato”, Solano Porto lembrou que o militar Eurico Gaspar Dutra, que também foi presidente da República, serviu em São Gabriel no hoje 9º RCB, em 1927, quando major sub comandante. No “Museu Coronel Luchsinger Bulcão” instalado no interior da Unidade, existe uma foto dele com seus comandados.
Consultei o historiador Osório Santana Figueiredo sobre o assunto, recebendo dela s seguinte resposta:
“Caro Nilo. E verdade. Comandou o 9º Regimento de Cavalaria Independente, interinamente, como major na ausência do coronel. Era tido como homem muito ruim para os sargentos.
O senhor Alberto Sabóia de Castro Franzem (seu Sabóia) contou-me que havia perdido sua primeira esposa e ao clarear do dia, ainda estava lusco-fusco, levava um buquê de flores para seu túmulo no cemitério.
Ao passar a extinta Ponte Seca, ali tudo era deserto, ia na sua frente um militar que nem bem se via, quando foi este atacado por duas mulheres de vestidos brancos, armadas de facão.
Ele vendo que aquele oficial havia sido pego de surpresa, arrancou do revólver engatilhando e correu para junto do militar, gritando: “Nesse homem ninguém toca.” As atacantes fugiram em disparada.
SARGENTO NOGUEIRA
SARGENTO NOGUEIRA
Ai seguiram juntos até o portão do quartel sem saber quem era. Ao se despedirem ele se identificou como sendo o major Eurico Gaspar Dutra, Comandante interino do Regimento, e disse-lhe quando precisar de mim, estarei às suas ordens onde estiver.
Contou-me que depois ficou sabendo que aquelas mulheres eram sargentos camuflados de mulheres que iam matá-lo. Ele disse que nunca mais viu o Dutra.
Passados anos o general Eurico Dutra assumiu a Presidência da República e ele a presidência do Círculo Operário Gabrielense, que na época tinha como sede uma pequena casinha de tábuas.
Os companheiros insistiram para que ele pedisse um auxílio ao Presidente já que ele teria lhe salvo a vida. Ele relutou muito, por fim cedeu. E mandou que escrevesse uma carta pedindo 10 contos de réis. O secretário que redigiu a carta tomou a liberdade e pôs 100.000 cruzeiros. (100 contos).
Ele me disse que ficou surpreso quando foi chamado a Porto Alegre para receber aquele mundo de dinheiro, com que construiu a enorme sede que tem ainda o Círculo Operário de São Gabriel. Nada mais sei do seu comando. Sem mais, com o meu abraço. Osorio
Eurico Gaspar Dutra nasceu em Cuiabá (MT), em 18 de maio de 1883 e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 11 de junho de 1974. Foi Presidente brasileiro no período de 31 de janeiro de 1946 a 31 de janeiro de 1951.
João Antônio da Silveira nasceu no decênio de 1790 e faleceu em São Gabriel a 28 de março de 1872. Tomou parte ativa na campanha de 1816. Em 1835 achava-se reformado no posto de tenente-coronel e residindo em São Gabriel. Aí veio encontrá-lo a “Revolução Farroupilha”, da qual foi um dos maiores vultos.
Ele foi promovido a general contra sua vontade. Com o fim de evitar essa promoção escreveu uma carta a Uchoa Cintra, onde dizia: “Isso é completamente de meu desagrado, pois a recompensa que espero de meus serviços é que me deixem sossegado logo que se conclua a guerra, e que não se conte comigo nem para inspetor de quarteirão”.
Terminada a luta foi residir em São Gabriel, mas teve de atender ao chamado do governo imperial em 1851. Foi-lhe então confiado o comando da 12ª Brigada de Exército, organizada pelo Conde de Caxias.
Em fins de 1864 foi organizada uma divisão sob as ordens de Canabarro, e coube-lhe o comando da 2ª Brigada dessa divisão. Passou depois a comandar esta, em substituição de Canabarro.
Uma noite no acampamento, deitado sobre as costas, despertou com um peso no estômago. Era uma grande serpente que, enrodilhada, parecia adormecida. Não se moveu. Chamou o ordenança e pediu que pegasse um tição e o aproximasse da cobra. Isso feito a cobra, diante do fogo, saiu devagar.
Feita a paz em 1845, pagou todas as contas feitas no período de guerra, não querendo que o Império as pagasse. Para isso, vendeu a Fazenda e recomeçou a vida como tropeiro. E quando faleceu em São Gabriel não havia no seu rancho, um lençol sequer para cobrir o seu corpo.
O historiador Osório Santana Figueiredo conheceu o sargento Nogueira, que ele denominou de “relíquia do 9º RCB”, que morava em uma chácara, localizada na saída da cidade para a BR-290, na esquina que dobra para ir ao quartel da Brigada Militar.
Quando o ex-prefeito Sampaio Marques Luz, de saudosa memória, abriu aquela rua, a chácara não era mais do sargento Nogueira, um homem muito direito que não gostava de ser chamado de herói.
Na Guerra do Paraguai, a força de que fazia parte estava em posição de combate, num lugar plano e não sabiam onde estava a linha inimiga à frente. O na época soldado Nogueira, montou um cavalo xucro e este começou a velhaquear, e de repente rebentou uma rédea e o animal disparou rumo a zona perigosa. E ele não tinha como sujeitá-lo.
O inimigo que estava entrincheirado abriu fogo contra ele. E foi tal o tiroteio que o animal assustado voltou ao acampamento. Lá chegando foi recebido como herói, por ter descoberto as linhas inimigas e promovido a sargento. E como tal foi reformado.
Pena que não se saiba mais nada a respeito do sargento, se deixou familiares e nem mesmo quando morreu. Certamente merecia pesquisas mais aprofundadas sobre sua vida.
Rodrigo José da Rocha nasceu em São Gabriel no dia 5 de abril de 1846. Entrou para a Escola da Marinha em 1862 e concluiu o curso em 1964. Em 1865, seguiu para o Rio da Prata, a fim de tomar parte na guerra com o Estado do Uruguai.
Quando lá chegou, já a cidade de Paissandu havia caído em nosso poder, apesar da heróica resistência de Leandro Gomes. Assistiu, entretanto, ao sítio de Montevidéu, sob as ordens do Marques de Tamandaré.
JUCA TIGRE
JUCA TIGRE
Concluída essa campanha com a paz de 20 de fevereiro de 1865 seguiu para o rio Paraná, fazendo parte da esquadra que ali imortalizou o nome brasileiro. Durante a Guerra do Paraguai, entrou em diversos combates, distinguindo-se sempre pela coragem e sangue frio, tantas vezes posto à prova, diante dos mais sérios perigos.
Terminada esta luta, onde a esquadra nacional representou proeminente papel, foi incumbido do despenho de diversas missões delicadas, não só no país como no estrangeiro,servindo sempre a contento do governo.
Era um oficial de Marinha completo e inteligente, bravo e instruído. Anos depois o ilustre patriota teve um fim trágico, acabando seus dias na catástrofe do couraçado “Aquidabãn”, na enseada de Jacuecanga, perto de Angra dos Reis (RJ) ocorrido no dia 22 de janeiro de 1906, quando explodiu o paiol da pólvora. A embarcação naufragou em três minutos.
Pereceram o almirante Rodrigo Rocha , Cândido Brasil e Calheiros da Graça e mais 192 homens da tripulação.
O general de brigada Osvaldo Mena Barreto nasceu em São Gabriel, no dia 13 de setembro de 1901 e faleceu em 1969. Oficial do Exército, ainda tenente participou da Revolução de 1930 no Rio de Janeiro. Teve atuação também na Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932.
A sua unidade deveria combater os revoltosos, mas ele passou para o outro lado. Posteriormente foi preso, posto em liberdade em 1934 e anistiado. Coronel em 1951, foi promovido a “General de Brigada” a 9 de abril de 1956, passando para a reserva remunerada, a seu pedido.
Serviu em Dom Pedrito, Rio Pardo, Bagé, São Gabriel e nos “Dragões da Independência”, no Rio de Janeiro. Era casado com a prima Florinda Menna Monclaro, com quem teve três filhos: Leda Monclaro Mena Barreto, Leony Monclaro Menna Barreto e José Luis Monclaro Menna Barreto.
Luis Gonçalves das Chagas, o “Barão de Candiota”, nasceu em Herval (RS), provavelmente em 1815 e faleceu em Porto Alegre, em 1894. Era filho de Luis Gonçalves de Ávila e Perpétua Francisca das Chagas, de cuja união tiveram os filhos Januário Gonçalves das Chagas e Maria Luisa Victorino dos Santos.
Estancieiro e militar farroupilha casou com sua prima Ana Ávila. Foi proprietário de grandes extensões de terras em São Gabriel, Bagé e Santa Maria. Chagas lutou na Guerra dos Farrapos pelo lado republicano. Participou da primeira grande vitória dos rebeldes, a “Batalha do Seival”, ocorrida em 10 de setembro de 1836, nas proximidades de uma de suas estâncias, no atual município de Candiota.
Em 1865, Chagas forneceu a escolta do Imperador Pedro II em sua visita ao Rio Grande do Sul por ocasião da Guerra do Paraguai. Por seus serviços ao Brasil durante o conflito, foi agraciado por Pedro II com o título de “Barão de Candiota”, em 20 de março de 1875.
Antônio de Sampaio nasceu em 24 de maio de 1810, na cidade de Tamboril, estado do Ceará. Cedo revelou interesse pela carreira militar. Foi praça em 1830; alferes em 1839; tenente em 1839; capitão em 1843; major em 1852; tenente-coronel em 1855; coronel em 1861 e brigadeiro em 1865.
Entre outras campanhas, esteve na Guerra dos Farrapos, entre 1844-1845, no Combate à Oribe (Uruguai), em 1851; No Combate à Monte Caseros (Argentina), em 1852; Tomada do Paissandu (Uruguai), em 1864; e Guerra da Tríplice Aliança (Paraguai), 1866. Foi condecorado por seis vezes, no período de 1852 a 1865, por Dom Pedro II, então Imperador do Brasil.
Recebeu três ferimentos na data do seu aniversário, 24 de maio, na “Batalha de Tuiuti”, em 1866. O primeiro, por granada, gangrenou-lhe a coxa direita; os outros dois foram nas costas. Faleceu a bordo do vapor hospital “Eponina”, em 6 de julho de 1866, quando do seu transporte para Buenos Aires.
Por sua exponencial bravura, foi consagrado Patrono da Arma de Infantaria do Exército Brasileiro. Em fins de 1855, recebeu a Medalha da Campanha de 1851/52 e, por merecimento, foi promovido a tenente-coronel, sendo classificado no 6° Batalhão de Infantaria, sediado na então Vila de São Gabriel.
No ano seguinte, foi distinguido com a “Ordem de São Bento de Avis”, no grau de Cavaleiro e em 1858 foi promovido a “Comendador da Imperial Ordem da Rosa”. Em meados de 1859, deixava Sampaio o Rio Grande do Sul.
Mas teve de regressar logo em seguida ao Estado, para reassumir o comando do 6° Batalhão, em São Gabriel e, interinamente, o Comando da 2a Brigada, da guarnição e da fronteira, com Quartel-General em Bagé.
Entre os caudilhos maragatos de 1893, não se pode esquecer do coronel José Serafim de Castilhos, conhecido na paz e na guerra pelo apelido de “Juca Tigre”. Era um gaúcho de São Gabriel, nascido a 24 de maio de 1844, filho de Constantino e Francisca Xavier de Castilhos.
Sabe-se que era robusto, troncudo, de estatura acima da mediana, usava barba inteira, à moda da Monarquia. Dotado de energia invulgar, era violento na ação, mas generoso ao extremo.
A alcunha de “Juca Tigre” teria sido recebida ainda no colégio da cidade quando cursava as primeiras letras. Durante o regime monárquico, José Serafim de Castilhos ocupou o cargo de delegado de Polícia em São Gabriel. Em junho de 1892, com o retorno do castilhismo ao poder estadual, teve de entregar o cargo.
Então voltou para Bagé, onde Joca Tavares pensava em resistir e estabelecer um governo federalista. “Juca Tigre” saiu a campo com 400 acaudilhados no início de 1893, armados e municiados por conta dele mesmo, deixando ordens na sua estância para “auxiliar todo aquele que fosse para as fileiras maragatas”.
Daí por diante fez praticamente toda a campanha revolucionária de 93-95, tornando-se o signatário dos principais manifestos do chamado Exército Libertador em marcha. “Juca Tigre” participou como um dos chefes do Exército Libertador até o Paraná, seguindo a liderança militar de Gumercindo Saraiva.
Quando tentavam passar o rio em caminho de Palmas, as forças de “Juca Tigre” foram batidas pelo inimigo. O revés da coluna de “Juca Tigre” deu-se juntamente com a morte de Gumercindo Saraiva no Corovi, em agosto de 1894.
“Juca Tigre”, ao fim da guerra, não deixou nada escrito sobre sua visão do conflito e de seu ostracismo político. Nesse clima “Juca Tigre” retornou para São Gabriel, reencontrou a mulher, Amabília Porto de Castilhos, que tinha ficado cuidando dos bens da família juntamente com os cinco filhos do casal. A partir de seu retorno não teve praticamente nada de eventos de conotação pública na política, de que ele tenha participado.
“Juca Tigre” morreu em São Gabriel no dia 1 de abril de 1903, dentro de um ostracismo político. Mas passados muitos anos de sua morte, tem seu nome ligado aos caudilhos que lutaram por conta e risco, na busca de seus ideais.
São Gabriel teve importante participação na “Revolução Farroupilha”. Em 15 de março de 1841, Giuseppe e Anita Garibaldi chegaram à cidade, onde ficaram por algum tempo no novo acampamento farroupilha.
O próprio Garibaldi, com auxílio de alguns de seus marinheiros construiu uma cabana, para nela abrigar sua família. Foi em solo gabrielense, que em 1841, Giuseppe Garibaldi acertou com Bento Gonçalves a sua dispensa das fileiras Farroupilhas.
E em pagamento por seus quatro anos de serviço, recebeu 900 cabeças de gado. O herói italiano pretendia retomar as suas atividades embarcado, ou quanto muito, fixar-se junto a um Porto, onde pudesse conviver com o mar, a sua grande paixão de navegador.
Estava encerrada a participação de Anita e de seu companheiro Giuseppe Garibaldi na Revolução Farroupilha. No Uruguai Garibaldi lecionou Matemática. E nasceram mais filhos. Regularizou a união com Anita, e vivenciou freqüentes momentos de estrema miséria, em função de seu idealismo.
Comandou a esquadra uruguaia contra a esquadra de Rosas, sendo completamente batido. Depois comandou uma divisão de voluntários italianos, em Montevidéu. Após 14 anos na América, retornou à Itália. Por lá, combateu, venceu e perdeu a sua Anita. E abortou mais uma vez o seu projeto de unificar a Itália. E mais uma vez o exílio: Gibraltar, África, Estados Unidos, América Central e Peru.
A República Rio-Grandense foi dissolvida em 1 de março de 1845, pelo “Tratado de Poncho Verde”. Teve ao todo cinco capitais oficiais durante os seus nove anos de existência: Piratini, Caçapava do Sul, Alegrete, São Gabriel e São Borja. Bagé foi capital somente por duas semanas. Os seus presidentes foram Bento Gonçalves e Gomes Jardim.
Médicos revolucionários O doutor José Narciso da Silveira Antunes natural de São Gabriel foi major médico na Coluna Honório Lemes e após a revolução medico chefe na Cia Swift do Brasil em Rosário do Sul.
(Pesquisa Nilo Dias)

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