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Síndrome de Burnout invade os lares brasileiros e deixa no alvo quem não sabe impor limites. É o seu caso?
 | Leonardo Aguiar
, Médico e consultor Jolivi - CRM-SC: 9847 |
Atenção,
caro leitor: perda de entusiasmo no trabalho pode ser um primeiro sinal
de que você está no alvo de um transtorno sério, cada vez mais comum e
que já invadiu os lares de todo o mundo. Calma que eu explico.
Com as novas relações trabalhistas em que o emprego é praticamente o seu
sobrenome, em um mundo onde o crachá virou uma identidade e o seu valor
é dado de acordo com as horas extras que você pratica, não é de se
estranhar que, anualmente, milhares de pessoas adoecem por uma doença
chamada “TRABALHO”.
Sim, leitor, quando os psiquiatras resolveram estudar um conjunto de
sintomas que aparece em vários grupos profissionais, foi detectada a
existência de uma síndrome chamada “ Burnout”. E o que é Síndrome de Burnout e o que ela difere da depressão? (Por falar nisso, leu meu texto
“Prisioneiro do antidepressivo”? Conte o que achou em nossas redes sociais).
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Voltando.
Burnout
ocorre quando o emprego em si é o maior risco ocupacional, sendo “o”
responsável por um adoecimento caracterizado por sintomas variados
(taquicardia, apatia, revolta, pânico, emagrecimento, ganho de peso,
dores e a própria depressão).
Nestes casos, o posto de trabalho
ocupa o papel de gatilho destes problemas físicos e emocionais, da mesma
forma que o cigarro, o álcool e o sedentarismo fazem com a gente.
Bom, em janeiro deste ano, eu recebi um relatório americano dizendo
que a Síndrome de Burnout chegou a níveis críticos nos EUA, e que nós,
médicos, estamos no alvo deste problema.
Minhas pesquisas
mostraram que o risco de suicídio entre os profissionais da medicina é
iminente, e que são entre 300 e 400 médicos norte-americanos que tiram a
vida todos os anos.
Mas fiquei pensando: este esgotamento que
faz o trabalho ser o causador da doença dos médicos terá o mesmo impacto
entre os professores, os advogados, os dentistas e os engenheiros?
Não estarão adoecendo pelo trabalho os lixeiros, os mecânicos, os operadores de telemarketing e os jornalistas?
Penso que chegamos em um momento de revisitação do conceito de
trabalho e acho um ótimo tema para abordarmos depois deste 1º de maio,
não?
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A síndrome de Burnout é considerada um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde ( OMS) desde 1998. Na revisão de literatura sobre o assunto realizada pelo Instituto de Psiquiatria da
Universidade de São Paulo ( USP), há a seguinte explicação para o batismo:
“O
termo burnout é definido, segundo um jargão inglês, como aquilo que
deixou de funcionar por absoluta falta de energia. Metaforicamente é
aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite, com grande prejuízo em seu
desempenho físico ou mental.” Essa sensação de que “acabou
a luz” realmente é muito comum de aparecer nos pacientes que frequentam
o meu consultório, e confesso que, quando estava em um contexto de
maior ansiedade e virei paciente (falei sobre
a minha ansiedade neste Café com Saúde), também sentia que meus órgãos e vontades estavam desligados.
7 casos por dia
O
fato é que a coisa é tão séria que o nosso Ministério da Previdência,
anualmente, registra pedidos de licenças trabalhistas de pessoas que
adoeceram principalmente por causa de suas profissões, por meio de
comprovações da perícia.
Vasculhei no banco de dados do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e detectei que, apenas no ano passado, o estresse foi a
CAUSA de 2.697 licenças trabalhistas maiores do que 15 dias, sendo considerado um acidente de trabalho.
Isso significa que, todo dia, 7 pessoas deixam seus postos de trabalho por causa da estafa adquirida na profissão.
Não
só isso. Atrás da dor nas costas, a depressão é a principal doença
ocupacional que, mensalmente, vitima entre 12 mil a 14 mil profissionais
brasileiros.
Com tudo isso em mente, você pode pensar:
Mas Dr. Léo, me ajuda?
Se o cigarro me faz mal, a recomendação óbvia é parar de fumar, certo?
Se o mal é o álcool, eu tenho que parar de beber.
O açúcar me intoxica, então, eu mudo a alimentação.
Porém, nestes casos, quando o vilão é o trabalho, o que fazer?
Parar de trabalhar?
Recomendações e reconhecimento
Obviamente,
“parar de trabalhar” não é uma recomendação que pode ser dada, em larga
escala, para o resto da vida de uma pessoa que adoece por causa do
trabalho.
(Adendo. Se você substituir nesta frase o “parar de trabalhar” por “tomar remédio” o sentido permanece o mesmo).
Claro que em algumas situações de descontrole absoluto, o afastamento momentâneo é uma necessidade.
Imagino, porém, que ninguém deseja que esta recomendação seja vitalícia, não é?
Entre
criar uma legião de aposentados precoces por invalidez resultante do
estresse ou promover uma reflexão e um ambiente de construção de uma
nova relação com o trabalho, tenho muita convicção de que a opção 2 é
melhor. E para isso, primeiro, é preciso fazer um reconhecimento se o seu trabalho é tóxico e
pode até te matar na segunda-feira. Os
sinais desta exaustão emocional trabalhista abrangem, conforme as
pesquisas – sentimentos de desesperança, solidão, depressão, raiva,
impaciência, irritabilidade, tensão, sensação de baixa energia,
fraqueza, preocupação dilacerante.
Fisicamente, há aumento de dores de cabeça, náuseas, tensão
muscular, dor lombar ou cervical, além dos distúrbios do sono
(Cherniss, 1980a; World Health Organization, 1998). Caso tenha rolado uma identificação com o conjunto de sintomas acima, então é a mensagem que fica é que é preciso mudar. E não só mudar de emprego (até porque o mercado não anda para peixe), mas mudar, principalmente, a sua relação com trabalho.
E você pode fazer isso começando pela marmita e pela organização do seu tempo livre.
Mudança em ciclo
Digo
isso porque foi o que funcionou para mim. E, nessa minha busca de uma
relação de paz com o meu trabalho, entendi que os impactos são diretos
nos meus pacientes. Semana passada, partilhei (relembre aqui no
Café com Saúde) como a ansiedade (uma das principais sequelas do Burnout) estava em várias áreas da minha vida, incluindo a profissão. Esta
situação comprometia não só a minha performance como médico, também
interferia na mensagem de autocuidado que eu passava aos meus pacientes.
Por definição, ansiedade é um sentimento vago e desagradável de
medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de
antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho. E um
médico ansioso, de alguma forma, repassa esse olhar ansioso para seus
pacientes o que, para dizer o mínimo, pode comprometer a participação
deles como protagonistas de seus tratamentos e de suas atitudes
preventivas. Talvez, por isso, os melhores futuristas da medicina
já identificaram que, para melhorar a experiência do paciente, a saúde
das populações e reduzir as despesas de saúde é preciso,
invariavelmente, cuidar da saúde do médico. O artigo “
From Triple to Quadruple Aim: Care of the Patient Requires Care of the Provider”
– em tradução literal, algo como "De tripla para quádrupla preocupação:
o cuidado do paciente requer cuidado com o provedor" –, de autoria dos
médicos Christine Sinsky e Thomas Bodenheimer, aborda esta temática. Então,
toda vez que eu penso que domei a minha ansiedade e escapei das
estatísticas da Síndrome de Burnout, eu lembro que isso me ajudou a
cuidar melhor das pessoas. O que funcionou para mim:
1) Pilates tão importante como o trabalho
Eu
não falto em compromissos profissionais. Nunca. Então não falto no
Pilates também. Dado que as minhas costas são minhas partes de choque da
ansiedade – o que significa que as dores são os primeiros sinais de que
estou muito ansioso – invisto em um exercício que me ajuda a gerenciar a
respiração, o músculo e escoam o estresse.
A tensão muscular causada pelo estresse e ansiedade reduz a
circulação de sangue nos tecidos e faz com que diminua a quantidade de
oxigênio e nutrientes. Este processo leva ao cansaço e dor.
O
Pilates, por sua vez, promove um caminho inverso, pois fortalece
musculatura, melhora a oxigenação dos tecidos e faz com que os
receptores das células fiquem mais aguçados para a ação dos nutrientes.
É
literalmente um antídoto para a ansiedade, sem contar que exige a
utilização do diafragma e da respiração, o que energiza e devolve a
normalidade dos batimentos cardíacos.
2) Automassagens
As
massagens já aliviam as tensões instantaneamente, e os alongamentos
ajudam a prevenir e preparar o corpo para suportar essa carga trazida
pelo estresse trabalhista.
Para quem ainda não começou no mundo dos exercícios, sugiro o bom e velho “espreguiçar”.
Reserve
5 minutos após acordar para esticar bastante os braços, alongar a
coluna, vértebra por vértebra, alongar as pernas e o pescoço. Você
desperta com mais disposição.
Além disso, invista na automassagem na hora de escovar os dentes.
Com as pontas dos dedos indicador e médio, faça círculos nas bochechas,
perto da região da boca, na ponta do nariz e na testa. Respire fundo
durante este processo. Com calma e mentalizando as coisas boas que
deseja para o dia.
Duvida que funciona? Testa e depois me conta no contato@jolivi.com.br.
3) Dopamina na marmita
Por
fim, não poderia deixar de sugerir como primeiro passo a revisão da
alimentação. A dopamina, também conhecida como molécula da disposição, é
um ingrediente que precisa estar na marmita das pessoas que estão em
situação de estafa, cansaço absoluto com o trabalho.
Este neurotransmissor nos empurra para a vontade de alcançar objetivos.
Grão
de bico, vegetais verde-escuro (eu sou fã de couve), maçã, carnes
magras e as frutas tipo berry são excelentes exemplos de indutores de
dopamina.
O projeto
Food and Mood
(Comida e Humor, em tradução literal), desenvolvido na Inglaterra,
mostrou que 26% das pessoas conseguem melhorar a sua sensação de
disposição com alterações simples alimentares, diminuindo o açúcar, café
e massas por frutas, chás naturais e peixes.
Um chocolate por uma maçã. Um suco de caixinha por um natural de maracujá.
Me
despeço hoje dizendo que óbvio que a Síndrome de Burnout tem causas
múltiplas, impactos diversos e exige uma reversão gradual de
posicionamento.
Mas os três primeiros passos descritos acima podem cumprir,
exatamente, esta função. De serem os primeiros passos de uma mudança.
Até semana que vem.

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